quinta-feira, 25 de agosto de 2011

KUNG FU:

“DA ARTE À GUERRA… DA GUERRA À ARTE…”.
O ciclo natural de vida interage na fundamentação de um método eficaz de treinamento e na conquista de um melhor aproveitamento e rendimento das habilidades corporais; da mais simples atividade até a otimização das capacidades individuais mais complexas, estas dando base a um aprimoramento, previsível e constante, das qualidades marciais intrínsecas em qualquer indivíduo que tenha em vista a prática de KUNG FU (…).
Em princípio, uma forma de prevenção contra doenças e outros infortúnios gerados pelo sedentarismo e pela falta de movimentação provinda de longos períodos de meditação; logo, a incrível habilidade com que os monges do Templo Shao Lin conduziam à técnica, como forma de manterem sua integridade para com a Natureza em movimentos plásticos e suaves (A Arte) e, em breve, sua fundamental importância enquanto defesa pessoal e método de combate de estrema eficácia contra inimigos e agressores (A Guerra).
Atualmente, busca-se nas artes marciais, em específico, no KUNG FU (WUSHU) uma prática corporal saudável, desvinculada da violência e agressividade do cotidiano, um canal de escape para o stress do dia a dia e uma forma de canalizar a energia vital em vista do desenvolvimento físico e mental em sua integridade; assim, busca-se na atividade dos métodos de Kung Fu uma forma de combate eficaz contra todas as inseguranças e fobias da guerra diária.
Baseado nesta rica cultura milenar, em seus métodos, disciplina e hábitos, seguem-se (...). Uma fundamentação teórica (e bem prática) da origem de um regimento de habilidade e força constituído por um país em seu alicerce, e como base marcial de tantas outras culturas. Em suma, técnica, habilidade e luta. A Arte e a Guerra – paradoxos que se integram no processo constante e ‘inevitável’ de evolução da humanidade.

Ciclo de Apresentação de Monografias:                                           

FEF/UNICAMP – Bacharelado em Educação Física - 1999                                
     Autor: Paulo Roberto Camargo C. Di Nizo Filho                                               
Orientador: José Júlio Gavião de Almeida                                                    

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Tai Chi e Autonomia

Diversos declínios funcionais decorrentes do aumento da idade são devidos a um estilo de vida sedentário e uma dinâmica psicossocial que são extrínsecos ao envelhecimento e, portanto, perfeitamente modificáveis. Então, a adoção de um estilo de vida mais saudável, como a inclusão de uma atividade física regular na rotina dos gerontes, poderá ser eficaz para um envelhecimento bem sucedido (AMORIM, 2002)
Segundo Matsudo (2000), cada vez mais se pesquisam formas de deter ou retardar o processo de envelhecimento ou estratégias que garantam uma manutenção da capacidade funcional e da autonomia, nas últimas décadas de vida.
O envelhecimento aumenta à medida que a idade cronológica avança. As pessoas se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas que acompanham a idade (sentimento de velhice, estresse, depressão), existe ainda uma diminuição maior da atividade física que, conseqüentemente, facilita a aparição de doenças crônicas que contribuem para deteriorar o processo de envelhecimento. Mais que a doença crônica é o desuso das funções fisiológicas que pode criar mais problemas.
O bem-estar físico consiste em alguns componentes do fitness físico: força muscular, resistência muscular localizada, resistência aeróbica, composição corporal e flexibilidade. Quando algum deles é comprometido, há uma diminuição do bem-estar e da autonomia. (ACSM, 2003).
Benefícios à saúde relacionam-se à boa forma, redução de fatores de riscos coronarianos, aumento de densidade óssea ou manutenção desta (o que reduz ou minimiza o risco de osteoporose), aumento da flexibilidade, e melhoria das atividades do dia-a-dia. Com a idade, fazer as atividades da rotina diária pode tornar-se um desafio. Além disso, quedas, fraturas, e a necessidade de cuidados especiais indicam uma fraqueza músculoesquelética. Quanto mais cedo o indivíduo começar a exercitar-se, maiores serão os benefícios à sua saúde (KELL; BELL; QUINNEY, 2001).
Landers et al. (2001) desenvolveram estudos em grupos de jovens e de idosos, e observaram que atividades de equilíbrio, flexibilidade e resistência muscular localizada podem contribuir para a habilidade dos gerontes em desempenhar as Atividades da Vida Diária (AVD).
A ausência de flexibilidade razoável conduz o indivíduo à maior possibilidade de lesões e a problemas funcionais, sobretudo em se tratando de sedentários, sujeitos em idade madura ou anciões. Estudos revelaram que grupos etários em idade madura apresentam redução da flexibilidade devido à maior perda da mobilidade articular do que da elasticidade muscular, mas, no entanto, à medida que a idade avança, a tendência é a inversão da ordem desses fatores. As alterações na capacidade de flexibilidade decorrem das variações etárias, e de outros fatores endógenos e exógenos (DANTAS et al., 2002).
Atualmente, o engajamento na implantação de programas de atividades físicas com uma visão holística, observando-se o bem-estar físico, social, intelectual, emocional, vocacional e espiritual (ARMBRUSTER; GLADWIN, 2001), tem proporcionado ao geronte a energia necessária, harmoniosamente eqüitativa, para desempenhar perfeita funcionalidade psicofisiológica (DANTAS, 2002).
A compreensão da necessidade e dos benefícios, que as atividades físicas com esta visão holística proporcionam à saúde, aumentou significativamente a procura por atividades, tais como o Tai Chi.
O Tai Chi foi desenvolvido, originalmente, como uma forma de arte marcial, e está sendo usado há séculos na China como exercício para a saúde, considerando, entre outros aspectos, o etário, e, particularmente, entre os idosos. O exercício básico de Tai Chi é uma série de movimentos individuais, reunidos de modo contínuo, fluindo suavemente de um movimento para outro. Os movimentos do corpo são lentos, suaves, e bem coordenados, mantendo o centro de gravidade baixo conforme varia a forma de execução dos exercícios. Devido à natureza da sua performance, o Tai Chi tem geralmente assumido efeito significativamente favorável na flexibilidade, no controle do equilíbrio, e na melhora cardiorespiratória, em pessoas idosas, depois de um longo período de exercícios (HONG; LI; ROBINSON, 2000).
Em recentes investigações, Lan et al. (2002) observaram que a prática a longo prazo do Tai Chi pode atenuar o declínio das funções físicas, devido à idade, sendo portanto um exercício apropriado para indivíduos de meia idade e idosos. O Tai Chi pode ser prescrito como um programa alternativo. A intensidade do exercício de Tai Chi depende do estilo, da postura, e da duração do treinamento. Os participantes podem escolher executar uma seqüência completa de Tai Chi ou movimentos selecionados de acordo com suas necessidades.
Tai Chi é uma arte marcial que combina os movimentos com a circulação da energia vital, respiração, e técnicas de alongamento. Trata-se de um exercício de corpo/mente, ideal para a saúde, relaxamento, flexibilidade, meditação, força e defesa pessoal. É internacionalmente popular por seus efeitos e benefícios na saúde (WANG; CHEN; LIU; PEARL, 2000).
Apesar de ser uma arte marcial chinesa milenar, que encoraja a concentração mental e o controle dos movimentos corporais, foi somente nos últimos anos que começaram a surgir as principais publicações científicas sobre os efeitos do Tai Chi na aptidão física e capacidade funcional do idoso. Esta atividade representa uma alternativa para o idoso. Particularmente para aqueles que, freqüentemente, estão em risco por causa de alguns problemas associados ao envelhecimento, como artrite, disfunção neurológica, declínio geral do equilíbrio, coordenação e função locomotora. Muito ajuda a natureza do Tai Chi, em respeito ao ritmo da própria pessoa, sendo uma atividade não-estressante e não-competitiva, assim como sua habilidade de economizar tempo, espaço, e equipamento (YAN; DOWNING, 1998 apud MATSUDO, 2001).

                                                 Fonte: FITNESS & PERFORMANCE JOURNAL
                                                            Vol. 03 - Numero 04 - 2004

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A SÍNDROME SPA


pais+brilhantes,+professores+fascinantesA televisão mostra mais de sessenta personagens por hora com as mais diferentes características de personalidade. Policiais irreverentes, bandidos destemidos, pessoas divertidas. Essas imagens são registradas na memória e competem com a imagem dos pais e professores.
Os resultados inconscientes disso são graves. Os educadores perdem a capacidade de influenciar o mundo psíquico dos jovens. Seus gestos e palavras não têm impactos emocionais e, conseqüentemente, não sofrem um arquivamento privilegiado capaz de produzir milhares de outras emoções e pensamentos que estimulem o desenvolvimento da inteligência. Freqüentemente os educadores precisam gritar para obter o mínimo de atenção.
A maior conseqüência do excesso de estímulos da TV é contribuir para gerar a síndrome do pensamento acelerado, SPA. Nunca deveríamos ter mexido na caixa preta da inteligência, que é a construção de pensamentos, mas, infelizmente, mexemos. A velocidade dos pensamentos não poderia ser aumentada cronicamente. Caso contrário, ocorreriam uma diminuição da concentração e um aumento da ansiedade. É exatamente isso que está acontecendo com os jovens.
A ansiedade da SPA gera uma compulsão por novos estímulos, numa tentativa de aliviá-la. Embora menos intenso, o princípio é o mesmo que ocorre na dependência psicológica das drogas. Os usuários de drogas usam sempre novas doses para tentar aliviar a ansiedade gerada pela dependência. Quanto mais usam, mais dependentes ficam.
Os portadores da SPA adquirem uma dependência por novos estímulos. Eles se agitam na cadeira, têm conversas paralelas, não se concentram, mexem com os colegas. Estes comportamentos são tentativas de aliviar a ansiedade gerada pela SPA.
A educação está falida, a violência e a alienação social aumentaram, porque, sem perceber, cometemos um crime contra a mente das crianças e dos adolescentes. Tenho convicção científica de que a velocidade dos pensamentos dos jovens há um século era bem menor do que a atual, e por isso o modelo de educação do passado, embora não fosse ideal, funcionava.
(...)
Pensar é excelente, pensar muito é péssimo. Quem pensa muito rouba energia vital do córtex cerebral e sente uma fadiga excessiva, mesmo sem ter feito exercício físico. Este é um dos sintomas da SPA. Os demais sintomas são sono insuficiente, irritabilidade, sofrimento por antecipação, esquecimento, déficit de concentração,
aversão à rotina e, às vezes, sintomas psicossomáticos, como dor de cabeça, dores musculares, taquicardia, gastrite. Por que um dos sintomas é o esquecimento? Porque o cérebro tem mais juízo do que nós e bloqueia a memória para pensarmos menos e gastarmos menos energia.
Muitos cientistas não percebem que a SPA é a principal causa da crise na educação mundial. Ela é coletiva, atinge grande parte da população adulta e infantil. Os adultos mais responsáveis apresentam uma SPA mais forte e, por isso, ficam mais estressados. Por quê? Porque têm um trabalho intelectual mais intenso, pensam mais, são mais preocupados.
A SPA dos alunos faz com que as teorias educacionais e psicológicas do passado quase não funcionem, porque, enquanto os professores falam, os alunos estão agitados, inquietos, sem concentração e, ainda por cima, viajando nos seus pensamentos. Os professores estão presentes na sala de aula e os alunos estão em outro mundo.

CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, Professores
Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003