Diversos declínios funcionais decorrentes do aumento da idade são devidos a um estilo de vida sedentário e uma dinâmica psicossocial que são extrínsecos ao envelhecimento e, portanto, perfeitamente modificáveis. Então, a adoção de um estilo de vida mais saudável, como a inclusão de uma atividade física regular na rotina dos gerontes, poderá ser eficaz para um envelhecimento bem sucedido (AMORIM, 2002) Segundo Matsudo (2000), cada vez mais se pesquisam formas de deter ou retardar o processo de envelhecimento ou estratégias que garantam uma manutenção da capacidade funcional e da autonomia, nas últimas décadas de vida.
O envelhecimento aumenta à medida que a idade cronológica avança. As pessoas se tornam menos ativas, suas capacidades físicas diminuem e, com as alterações psicológicas que acompanham a idade (sentimento de velhice, estresse, depressão), existe ainda uma diminuição maior da atividade física que, conseqüentemente, facilita a aparição de doenças crônicas que contribuem para deteriorar o processo de envelhecimento. Mais que a doença crônica é o desuso das funções fisiológicas que pode criar mais problemas.
O bem-estar físico consiste em alguns componentes do fitness físico: força muscular, resistência muscular localizada, resistência aeróbica, composição corporal e flexibilidade. Quando algum deles é comprometido, há uma diminuição do bem-estar e da autonomia. (ACSM, 2003).
Benefícios à saúde relacionam-se à boa forma, redução de fatores de riscos coronarianos, aumento de densidade óssea ou manutenção desta (o que reduz ou minimiza o risco de osteoporose), aumento da flexibilidade, e melhoria das atividades do dia-a-dia. Com a idade, fazer as atividades da rotina diária pode tornar-se um desafio. Além disso, quedas, fraturas, e a necessidade de cuidados especiais indicam uma fraqueza músculoesquelética. Quanto mais cedo o indivíduo começar a exercitar-se, maiores serão os benefícios à sua saúde (KELL; BELL; QUINNEY, 2001).
Landers et al. (2001) desenvolveram estudos em grupos de jovens e de idosos, e observaram que atividades de equilíbrio, flexibilidade e resistência muscular localizada podem contribuir para a habilidade dos gerontes em desempenhar as Atividades da Vida Diária (AVD).
A ausência de flexibilidade razoável conduz o indivíduo à maior possibilidade de lesões e a problemas funcionais, sobretudo em se tratando de sedentários, sujeitos em idade madura ou anciões. Estudos revelaram que grupos etários em idade madura apresentam redução da flexibilidade devido à maior perda da mobilidade articular do que da elasticidade muscular, mas, no entanto, à medida que a idade avança, a tendência é a inversão da ordem desses fatores. As alterações na capacidade de flexibilidade decorrem das variações etárias, e de outros fatores endógenos e exógenos (DANTAS et al., 2002).
Atualmente, o engajamento na implantação de programas de atividades físicas com uma visão holística, observando-se o bem-estar físico, social, intelectual, emocional, vocacional e espiritual (ARMBRUSTER; GLADWIN, 2001), tem proporcionado ao geronte a energia necessária, harmoniosamente eqüitativa, para desempenhar perfeita funcionalidade psicofisiológica (DANTAS, 2002).
A compreensão da necessidade e dos benefícios, que as atividades físicas com esta visão holística proporcionam à saúde, aumentou significativamente a procura por atividades, tais como o Tai Chi.
O Tai Chi foi desenvolvido, originalmente, como uma forma de arte marcial, e está sendo usado há séculos na China como exercício para a saúde, considerando, entre outros aspectos, o etário, e, particularmente, entre os idosos. O exercício básico de Tai Chi é uma série de movimentos individuais, reunidos de modo contínuo, fluindo suavemente de um movimento para outro. Os movimentos do corpo são lentos, suaves, e bem coordenados, mantendo o centro de gravidade baixo conforme varia a forma de execução dos exercícios. Devido à natureza da sua performance, o Tai Chi tem geralmente assumido efeito significativamente favorável na flexibilidade, no controle do equilíbrio, e na melhora cardiorespiratória, em pessoas idosas, depois de um longo período de exercícios (HONG; LI; ROBINSON, 2000).
Em recentes investigações, Lan et al. (2002) observaram que a prática a longo prazo do Tai Chi pode atenuar o declínio das funções físicas, devido à idade, sendo portanto um exercício apropriado para indivíduos de meia idade e idosos. O Tai Chi pode ser prescrito como um programa alternativo. A intensidade do exercício de Tai Chi depende do estilo, da postura, e da duração do treinamento. Os participantes podem escolher executar uma seqüência completa de Tai Chi ou movimentos selecionados de acordo com suas necessidades.
Tai Chi é uma arte marcial que combina os movimentos com a circulação da energia vital, respiração, e técnicas de alongamento. Trata-se de um exercício de corpo/mente, ideal para a saúde, relaxamento, flexibilidade, meditação, força e defesa pessoal. É internacionalmente popular por seus efeitos e benefícios na saúde (WANG; CHEN; LIU; PEARL, 2000).
Apesar de ser uma arte marcial chinesa milenar, que encoraja a concentração mental e o controle dos movimentos corporais, foi somente nos últimos anos que começaram a surgir as principais publicações científicas sobre os efeitos do Tai Chi na aptidão física e capacidade funcional do idoso. Esta atividade representa uma alternativa para o idoso. Particularmente para aqueles que, freqüentemente, estão em risco por causa de alguns problemas associados ao envelhecimento, como artrite, disfunção neurológica, declínio geral do equilíbrio, coordenação e função locomotora. Muito ajuda a natureza do Tai Chi, em respeito ao ritmo da própria pessoa, sendo uma atividade não-estressante e não-competitiva, assim como sua habilidade de economizar tempo, espaço, e equipamento (YAN; DOWNING, 1998 apud MATSUDO, 2001).
Fonte: FITNESS & PERFORMANCE JOURNAL
Vol. 03 - Numero 04 - 2004