quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sedentarismo mata tanto quanto cigarro, diz estudo

Nick Triggle
Um estudo divulgado a poucos dias do início das Olimpíadas diz que a falta de exercícios tem causado tantas mortes quanto o tabagismo.

A pesquisa, publicada na revista médica Lancet, estima que um terço dos adultos não têm praticado atividades físicas suficientes, o que tem causado 5,3 milhões de mortes
por ano em todo o mundo.

Um terço dos adultos não pratica exercícios físicos
regularmente, revela estudo (Foto: BBC).

  
A inatividade física é responsável por uma em cada dez mortes por doenças como problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama e do cólon, diz o estudo.

Os pesquisadores dizem que o problema é tão grave que deve ser tratado como uma pandemia.

Eles afirmam que a solução para o sedentarismo está em uma mudança generalizada de mentalidade, e sugerem a criação de campanhas para alertar o público dos riscos da inatividade, em vez de lembrá-lo somente dos benefícios da prática de esportes.

Segundo a equipe de 33 pesquisadores vindos de centros de vários países diferentes, os governos deveriam desenvolver formas de tornar a atividade física mais conveniente, acessível e segura.

Um dos coordenadores da pesquisa é Pedro Hallal da Universidade Federal de Pelotas. "Com as Olimpíadas 2012, esporte e atividade física vão atrair uma tremenda atenção mundial, mas apesar do mundo assistir a competição de atletas de elite de muitos países, a maioria dos espectadores será de sedentários," diz ele.

"O desafio global é claro: tornar a prática de atividades físicas como uma prioridade em todo o mundo para aumentar o nível de saúde e reduzir o risco de doenças".

No entanto, a comparação com o cigarro é contestada por alguns especialistas.

Se o tabagismo e a inatividade matam o mesmo número de pessoas, o número de fumantes é bem menor do que o de sedentários, tornando o tabaco muito mais perigoso.

Para Claire Knight, do Instituto de Pesquisa de Câncer da Grã-Bretanha, "quando se trata de prevenção de câncer, parar de fumar é de longe a coisa mais importante que você pode fazer".

América Latina

Na América Latina e no Caribe, o estudo mostra que o estilo de vida sedentário é responsável por 11,4% de todas as mortes por doenças como problemas cardíacos, diabetes e câncer de mama e do cólon. No Brasil, esse número sobe para 13,2%.

Os países com as populações mais sedentárias da região são Argentina, Brasil e República Dominicana. O com a população menos sedentária é a Guatemala.

A inatividade física na América Latina seria a causa de 7,1% dos casos de doenças cardíacas, 8,7% dos casos de diabetes tipo 2, 12,5% dos casos de câncer de mama e 12,6% dos casos de câncer de cólon.

No Brasil, ela é a causa de 8,2% dos casos de doenças cardíacas, 10,1% dos casos de diabetes tipo 2, 13,4% dos casos de câncer de mama e 14,6% dos casos de câncer de cólon.

A doutora I-Min Lee, do Hospital Brigham e da Escola Médica da Universidade de Harvard, que dirigiu o estudo, assinalou que todos esses casos poderiam ter sido prevenidos se a população de cada país e cada região fosse mais fisicamente ativa.

Ela diz que na região das Américas poderiam ser evitadas cerca de 60 mil mortes por doenças coronárias e 14 mil mortes por câncer de cólon.

Desafio global

É recomendado que adultos façam 150 minutos de exercícios moderados, como caminhadas, ciclismo e jardinagem, toda a semana.

O estudo indica que as pessoas que vivem em países com alta renda per capita são as menos ativas. Entre os piores casos está a Grã-Bretanha, onde dois terços da população não se exercitam regularmente.

A presidente da Faculty of Public Health, órgão que formula políticas e normas de saúde pública da Grã-Bretanha, professora Lindsey Davies, diz que "precisamos fazer o possível para que as pessoas cuidem da sua saúde e façam atividade física como parte da vida cotidiana".

"O ambiente em que vivemos tem um papel importante. Por exemplo, pessoas que se sintam inseguras no parque mais próximo vão evitar de usá-lo."

Um comentário:

  1. Nossa cultura imediatista que tem como seu maior espelho os Estados Unidos vincula toda ação a uma rápida recompensa; quase um hedonismo pragmático, que limita as pessoas a atividades que não necessitam esforço e que, de preferência, não tenha longa duração, constituindo um prazo de validade e resultando em um ganho perpétuo. Assim, a atividade física, não proporcionando ganhos estéticos em curtíssimo prazo (em geral, o motivo principal de sua busca) e se relacionando com os hábitos pessoais adquiridos através da disciplina e do vinculo com a filosofia de vida do indivíduo (não com propostas imediatistas) é relegada ao segundo plano.
    Em um país que sofre a ausência valorativa de uma educação de qualidade, não valorizar a prática de esporte, alimentação saudável, hábitos saudáveis são apenas conseqüências da carência principal do cidadão; alienados pela veiculação da mídia de conteúdos sensacionalistas, milagrosos e apelativos, a futilidade, banalidade, superficialidade dos conteúdos expostos incitam os telespectadores a aquisição da última linha de produtos da moda (cosméticos, maquinários, nutricionais) a preços módicos e garantia do mínimo esforço e máximo resultado na obtenção do objetivo.
    Difícil combater tal proposta, admitindo ao indivíduo que a prática esportiva requer esforço, sistematização, disciplina (a mídia e seus recursos de persuasão, principalmente o apelo que se faz ao “ganho sem suor”), quando uma cirurgia plástica retira as gordurinhas excedentes sem esforço e cumpre a meta da grande maioria dos cidadãos, ou seja, estéticos; quando uma “receitinha” culinária apresentada em horário nobre na TV aberta promete resolver todos os problemas de saúde, além de e, mais importante, novamente, melhorar a estética. O que diremos sobre o famigerado óleo de coco?
    Concluo com o oportuno ditado popular, “Quando algo parecer ser bom de mais para ser verdade é porque, talvez, realmente não seja”. A boa saúde requer cuidados diários, requer uma dose de esforço e atenção, boa alimentação, sono adequado e ingestão apropriada de líquidos, em suma, é tudo uma questão de hábitos. Quer melhorar sua qualidade de vida, modifique seus hábitos e não espere resultados (do ponto de vista estético) imediatos.
    E para os aficionados imediatistas, continue recorrendo ao médico de seu plano de saúde, se puder contar com um...

    Paulo Di Nizo Filho
    Depto. Científico FPKF

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